quinta-feira, 15 de julho de 2010

E por falar em saudade, como anda você.

Parafrasenado Vinícuis de Moraes, o melhor bem para saúde é um amor correspondido. E ele tinha toda razão.

Numa terça- feira (o dia eu inventei, porque gosto do começo da semana para essa história), na saída da Santa Casa de Santos, onde ela trabalhava, ela o encontrou. Os olhos que estavam perdidos sei lá onde ou simplesmente procurando algo interessante para olhar, se encontraram. Como dizia Maria Rita em uma de suas canções, o encontro dos olhares durou longos e intensos dois segundos; dançaram uma música e voltaram para o seu lugar sem levantar da cadeira.
Você já se apaixonou por alguém só de olhar dois segundos e depois se desapaixonar em seguida? Eu faço isso direto! No metrô, indo para faculdade, na fila do banco. Ah! já fiz muito isso. Sabe aquele olhar que vem em seguida de um sorriso no canto da boca meio tímido sem vontade de aparecer, mas que sempre tem uma senhora atravessando a rua ou uma criança que estão olhando diretamente para sua cara naquele momento, e você fica sem graça, querendo cavar um buraco no chão? Então, é disso que eu estou falando.

Daquele olhar surgiu o primeiro encontro, e este deve ter acontecido em um dos bares perto do canal 1, pois era onde ela morava em Santos. Minha mãe acredita que ele a observava há muito tempo e que só teve coragem naquela terça- feira. Depois de um tempo, mudaram-se para o Guarujá e por lá viveram 5 anos. Mal sabia ela que o 2º grande amor de sua vida, como ela o chamava, estava a poucos metros de sua vida. Eu acredito que o 2º, ou 3º, ou o grande amor da minha vida mora a alguns metros da minha casa, porque quem pode me provar o contrário?
Com você não foi assim?

Ele era piloto de avião e sempre  ficava fora da cidade. Tinha 1,90m e usava roupas com um tecido que ela odiava. Ela, uma mulher de 28 anos, que tinha deixado para trás, ou adiado por alguns anos, o amor do meu pai.

Eles estavam dispostos a viver aquilo, mas atire a primeira pedra quem não acha muito difícil  acreditar que isso possa acontecer com você? Que um amor louco, que aconteceu do nada, que ambos estão no momento certo e se amam, pode acontecer com você, comigo?
É meio surreal pensar nisso nos dias de hoje, porque com certeza algum dos dois vai achar uma desculpa esfarrapada para dizer que está cansado dessa vida, ou que hoje não é um bom dia. Acho que eu estou um pouco desiludida com o amor, você não acha?
Talvez essa desilusão se responda por eu ainda não estar no momento certo, ou porque não encontrei alguém tão disposto como eu. Será que ela pensava a mesma coisa que eu aos 28 anos?

Um Opala era o carro que conduzia aquele amor louco e desvaerado pelo litoral do Brasil. " Você está de folga na sexta?", " Sim, porque?", " Porque vamos para o Rio de Janeiro, arrume suas coisas". E assim eram feitas as viagens nada planejadas dos dois. " Filha, o carro era tão grande, que parecia uma casa".

Era um amor vivido, um amor irremediável, um amor puro, que não sabia a força que tinha, um amor de anos, de 5 anos, daqueles que enchiam os olhos da minha mãe de lágrima. 
" Quando estou em meio aos devaneios de meu pensamento, me vem você à cabeça...", diz Carlos em mais uma de suas cartas à bela Valquíria.   

Ao final  do quinto ano eles se separaram. Um dizia que as viagens o consumia e que ter filhos não estava em seus planos, o outro dizia que passaria mais 5 anos com ele, mas custou acreditar que aquele amor havia perdido a sua força. Eu me pergunto, será que aquele momento havia de fato terminado? Aquele amor inconsequente havia passado?
Ele foi um sonho bom que aconteceu e que durou os 5 anos que deveriam durar.
E  você não tem idéia de como ela foi feliz.
Logo em seguida ela reencontrou meu pai, mas essa históra merece um momento só dela.

" Vá viver histórias de amor, minha filha"

Eu tenho vivido histórias, aliás boas histórias, das quais ela sabe das mais importantes, pois eu faço questão que ela participe da minha vida.

Ai que vontade que me deu de viajar de Opala e dormir numa barraca na chuva!
Ai que vontade de viver um romace daqueles de 30 anos atrás, em que os olhares se cruzam sem nenhum dos dois achar piegas.



Ao lado de um grande homem está uma bela mulher.
Por trás de uma bela história está um velho Opala.



Até amanhã.

Boa noite.

Bruna Ribeiro

3 comentários:

  1. Amei o blog, a idéia e as histórias. E bom, histórias de amor, eu amoooo! Lindo, de encher os olhos de lágrimas. Sempre fui antiga, e acho que no amor não existe nada melhor!heheheh

    Luize!

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  2. Caiça,
    Adorei essa história, tô com os olhos "molhados".
    Não sabia que escrevia bem.

    Beijos,
    Naty

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  3. a viagem, principalmente as não planejadas, são uma grande demonstração de amor... do amor que só estar já é ótimo, do amor que, de tão grande, transborda e quer sair andando sem rumo...
    tá bonito, caiça!
    continua!
    bjos
    Daniel

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