quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

E foi só um sorriso...

Presume-se que se você está em São Paulo a probabilidade de estar sozinha é quase que ímprovável... Ou você está no trânsito, ou no metrô, ou na academia, ou na padaria do bairro, mas nunca sozinha. Mas será que esse bando de gente que passou por você, e que você nem sabe o nome, fez alguma diferença no seu dia?
Deveria ter feito... pelo menos eu acredito que sim.

Essas pessoas que passaram e você nem esperou mais alguns minutos para conversar poderiam ser seus melhores amigos, ou a maior paixão da sua vida... e você nem apostou para ver.

Ele pode ser hoje o amigo do amigo que virou seu melhor amigo, ou aquela prima que você não via há anos e que virou sua maior confidente das madrugadas...
Eles estavam ali, você querendo ou não, eles passaram na sua vida e naquele dia você olhou diferente para eles.

Depois de ter chegado atrasada para pegar o ônibus com a minha mãe, e não sentar ao seu lado, eu olhei para ela com outros olhos, olhos de uma pessoa que estava olhando- a de longe, sem maternidade envolvida, sem pré conceitos enraizados nesse meu papel de filha e pensei que se ela não fosse minha mãe, ela chamaria minha atençao, pelo simples fato de estar sentada daquele jeito e fazendo caras e bocas com aquela música horrorosa que estava tocando. Eu ia querer sentar ao lado dela, porque em questão de segundos, ela franzio a testa com ar de reprovação, mas logo em seguida inclinou sua cabeça para me ver e  dar-me um sorriso.

As outras pessoas do ônibus se tornaram, naquele momento, completamente, desinteressantes e pequenas; nem a música horrorosa do celular daquele menino me encomodava mais.

Que poder que as pessoas tem em suas vidas e que raios cada uma veio fazer aqui, na minha vida?

Porque o moço da academia, ou o rapaz do metro, ou a menina do onibus em salvador, ou o dono da barraca na praia do flamengo, ou a minha prima que eu não via há mais de anos, ou o amigo do amigo, ou a melhor amiga que veio morar com você num belo dia de dezembro?...eu sei lá.

Eles apareceram..e agora?
Deixo- os ir, sem dizer mais nada? Sem pedir para que voltem e façam denovo e melhor?

Minha mãe levantou- se do onibus, e eu disse para ir com Deus e que quando chegasse em casa, ligaria. E por mais que a minha historia de pegar três conduções depois daquela não fosse nada interessante, a gente conversou por 13 minutos no telefone sobre isso... 13! Ela se interessou pela minha historia. pela minha vida. pelos meus 23 anos de vida.

Que poder é esse que essas pessoas tem de me deixar com os olhos molhados e me sentir ainda mais viva e cuidada com apenas um telefonema, ou com uma proposta irrecusável numa segunda feira chuvosa?

Ela estava de mochila nas costas, de tênis e subiu aquelas escadas correndo por causa da chuva e eu vi um poder que eu jamais tinha idéia que causaria sobre mim, só de olhar para ela.

Eu penso que o que me resta é esperar que outras pessoas apareçam e que eu consiga causar pelo menos uma força nova e renovadora. Eu peço isso.

Que respeito que eu tenho por aquela mulher sentada no banco proximo ao meu.
Que sorte eu tenho de ser aquela pessoa a qual recebeu aquele sorriso.


Até um dia.

Bruna Ribeiro