terça-feira, 31 de agosto de 2010

Viver é etecetera

Felicidade se acha é em horinhas de descuido.

Começo assim meus retratos que venho guardando há algum tempo nesse espaço que chamei de meu. Guimarães Rosa devia ter uma mãe muito boa, uma mãe tão presente quanto a minha, daquelas que dá gosto de parar numa quinta feira ás 02:30 da madrugada e ter uma inspiração. Drummond diria que a inspiração é algo físico, que sobe pelo corpo da gente e que precisa ser expresso de alguma maneira. E é por isso que estou aqui.
Nas minhas andanças por São Paulo e na descrepância que ela apresenta, pois você consegue ir desde uma loja que tem aquela blusa incrível de 10,00 reais, até o museu da língua portuguesa, observei um sentimento bom. Fui nos dois. Mas terminei no andar separado só para o Fernando Pessoa. Incrível. E lá eu comecei a observar como o amor pode ser inteiro se dito por alguém que já viveu demais, como o Fernando e deixou seus escritos como prova daquilo. Até mesmo os heterônimos criados por ele tinham lá sua admiração pelo criador.. até porque ele seria alguém a se seguir.
Ai, depois de ter caminhado por toda aquela informação que refrigera a alma, e escutar durante longos e pequenos 20 minutos poesias ditas em alto e bom som numa sala escura eu lembrei da sorte que eu tinha em ter uma mulher que está lá por mim, para o que eu precisar. Quando escutei poesias de amor, eu lembrei dela e lembrei que ela cabia em todas aquelas linhas, em toda aquela profundidade, em cada palavra do Guimarães Rosa. 
E na medida que aquelas palavras vão sendo pronunciadas, eu me lembro que eu preciso passar ainda mais tempo com ela, para preencher o meu vocabulário e meus textos que andam muito vazios.
Quando penso que o muito tempo que passo com ela é pouco, eu penso que eu lá tenho sorte com coisa alguma?!
Mas, porque eu? Porque eu tive que nascer na família que estou e com a mãe que tenho?
Porque se depender de mim eu não respondo essa pergunta de jeito nenhum. Acho que não saberia dizer e nem usar todas as palavras que são pertinentes a ela.
Será que foi sorte ser filha dela? Será?
Acho que não.
Porque se eu tivesse sorte mesmo eu talvez não acreditaria até hoje que isso pudesse acontecer. Não foi sorte, era para ser e sendo assim, a sorte não entra neste mérito.
Eu não tenho sorte coisa nenhuma, eu tenho é um privilégio do tamanho do mundo, do tamanho da descrepância de São Paulo, do tamanho da minha vontade de achar e ter certeza que Deus fez tudo isso para mim.

Sabe aquela mãe que coloca seu corpo inteiro no fogo por você; que é capaz de brigar com qualquer pessoa, mesmo que não tenha certeza; que com o coração partido fica dias sem voltar para casa, só para te dar alguma coisa que você nem vai precisar tanto assim...

Acho que não é sorte...é amor mesmo.


Boa noite

Bruna Ribeiro




sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Deixar estar, porque o que for para ser vigora.

Pense num amor bom, um grande amor daqueles arrebatadores, daqueles que fazem, até hoje, o seu coração pulsar forte, assim como era há algum tempo atrás; aquele amor que fez você muitas vezes perder a paciência, mas depois de segundos fez você perceber que estava só perdendo tempo com aquela briga estúpida. Sabe um amor puro..então, esse. Mas que depois de um tempo, não sei quanto, ele se foi. Da maneira mais inesperada ou , completamente, compreensível ele se vai, indo da mesma maneira como entrou e você, ficando com aquele mesmo vazio do início. O tempo passou, as coisas e o mundo mudaram de lugar e você está lá, vivinha da silva, sem nenhum fantasma te assobrando, apenas com algumas cicatrizes que serão dificeis, bem dificeis de sarar...Mas você vai sobreviver. Ela sobreviveu.
Que mania é essa que alguém tem de entrar em nossa vida e tranformar aquilo que estava calmo em um caos em questão de segundos.
Mas as paixões acabam e ninguem morre disso...ou morre?
Essa semana eu pensei como as pessoas deixam marcas em nossa vida e que bom por isso, porque senão não teria sentido tanta gente todo dia e nenhuma recordação, mesmo sendo a menor possível.
Paixões que passaram tiveram um fim, seja ele qual for, elas tiveram um fim. E você pode lembrar delas lembrando das marcas que elas deixam, mas podem lembrar delas de como foi difiícil esquecê- las. Eu relembro a vida de minha mãe e do seu amor com meu pai e percebo que aqueles amores  passados viraram figurantes naqueles 15 anos de casamento, viraram coadjuvantes na história que meu pai era o ator pirncipal. Ele não fez nada que você não faria ou nada tão mirabolante para minha mãe cair aos seus pés...não. Era consciente, ele e ela eram consciente do que viviam e não precisavam provar para nenhuma das marcas que eles eram felizes.
Não quero parecer fria, nem deixar com que os outros amores pareçam ser menos importantes, mas quero tentar pelo menos uma vez na vida entender como é dificil esquecer alguém, considerando a época da vida que você está e da disponibilidade do seu coração em se apaixonar. É dificil pra carmaba e tenho certeza que todo mundo tem uma história "mal finalizada" e que na maioria das vezes esse amor que ainda não terminou foi a pessoa mais dificil que você teve que esquecer.
Pelo menos comigo foi assim.

Então quando digo em ter a sorte de viver outros amores, quero dizer que é  um privilégio vivenciar  o verdadeiro amor da minha mãe e de meu pai e, como diria Jorge Vercilo, entender que todos aqueles amores foram ponte para que o grande amor chegasse até ela. 

Ai nessas horas eu me pergunto se a minha mãe teve sorte em encontrar, ou melhor, reencontrar meu pai e gostar do que via e aceitá-lo da maneira como ele era. Aceitá-lo sem esquecer os outros, mas tendo a certeza que meu pai era a peça que faltava para que todas as outras coisas caminhassem. 
Eu acho que não foi sorte...era pra ser. era pra dar certo.

Entender esses ex-amores como passado é quase uma dor fisica, dolorosa. 

Acho que não me lembro de nenhum dia minha mãe contar como esqueceu todos que passaram...mas também, passou e vai saber se ela esqueceu mesmo...você não esqueceu também, né?!

Mas mesmo depois que eles passam e que as coisas se aquetam denovo, eu percebo que o grande barato da vida é se apaixonar, e se apaixonar, e quando não tiver nada para fazer, se apaixonar denovo e denovo, em qualquer lugar, num dia chuvoso, ou numa feira popular, mas se apaixonar por tudo e por todos.


"Há tempo para tudo debaixo do céu" ... não vamos apressa as coisas...



Boa noite


Até amannhã


Bruna Ribeiro